terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Perdida em Roma

Depois de um voo de apenas 30 minutos, tinha finalmente acordado para a realidade: Já não me encontrava a teu lado. Na minha mente tudo parecia um remoinho de ideias, no meu peito, de emoções. Vi-me sozinha naquela noite, numa cidade que me era tudo e não me era nada, que fora palco dos meus sonhos e desejos nunca concretizados. As horas passavam, os aviões lá fora partiam e chegavam e eu sentia-me fatigada, prestes a quebrar. Quando finalmente tomei conhecimento do que deveria fazer a partir dali, respirei de alivio, mas não fora por isso que me senti menos nervosa. Vi-me num autocarro escuro, que andava por entre estradas e mais estradas, o aeroporto cada vez mais longe, o centro da cidade a aproximar-se. Ao meu lado encontravam-se dois indivíduos, quem sabe na mesma situação que eu. O motorista tentava acalmar-me, apesar da barreira linguística que nos separava. Foi apenas quando abri a porta do quarto que me iria abrigar naquela noite que o meu coração decidiu também ele descansar. Lembro-me de me ter sentado naquela cama enorme, aquele silêncio ensurdecedor de hotel a zumbir nos meus ouvidos, e de me ter deixado deitar, fatigada. Lembro-me de ter pensado que, não havia 4 horas, estava ao teu lado. A pegar-te na mão. A beijar os teus lábios e as tuas lágrimas. Chorei, silenciosamente. Estendi o braço de forma a chegar ao meu maço de tabaco, aquele que tu me tinhas comprado, que tu tinhas escolhido para mim no dia anterior, quando ainda me pertencias realisticamente. Acendi um e vi o fumo a rodopiar em direcção ao nada, tal e qual os meus pensamentos. Sabia que o dia seguinte iria ser igualmente fatigante, portanto deitei-me, e foi a pensar em ti, a ouvir as nossas músicas, que adormeci. Acordei mal o sol nasceu e saí para o dia nublado. Estava frio e as minhas mãos geladas. Mal pareciam aquelas mesmas mãos que te tinham amado. De novo o mesmo autocarro, a mesma simpatia do motorista, o mesmo aeroporto. Uma devolução de bilhete, um avião que levantou voo, um choro escondido. Olho pela janela, e reconheço a imensa massa de metal vermelho, que se estende ao longo do Tejo. Lisboa. Portugal.

1 comentário:

  1. Por momentos gostava que esta não tivesse sido a tua história...

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