domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pensamentos nocturnos

São 2 da manhã e mais uma vez o sono me abandonou. Numa mão tenho a caneta com que te escrevo, na outra o cigarro habitual que me faz companhia nas noites de solidão e que teima em arder, como que a recordar-me de que lá fora o tempo passa, a vida continua. No escuro do meu quarto ressoa o tom de angústia com que o Jeff Buckley canta "Hallelujah", sempre me intrigou este título. Uma expressão que lembra esperança, que indica que algo de divino aconteceu, e no entanto todo o conteúdo desta composição indica o contrário, aliando-se à melancolia transmitida pela guitarra. O que farás tu neste momento? Paro por um segundo para pensar no quão ridículo soa quando me dirijo a ti, como que se esperasse resposta. Sim, é mais um texto sobre ti, sobre a falta que me fazes.
De onde me encontro vejo a minha bandeira, solitária na parede do meu quarto, a recordar-me do quão sozinha estou, a milhares de quilómetros de distância de ti. Em tempos a tua bandeira fazia-lhe companhia, e ali permaneceram elas lado a lado, e o teu amor pertencia-me.
Recordo-te esta noite, e em todas as outras. Pergunto-me se sentirás a minha falta, se amaldiçoas o dia em que me viste partir, magoada, sabendo que jamais voltaria. Sim, ainda sinto no meu peito a humilhação e a frustração pelas quais me fizeste passar. Não, acho que não serei capaz de te perdoar. Odeio que permaneças dentro de mim dia e noite, odeio que não seja capaz de te apagar da minha mente. Odeio-te por todo o amor que me deste, para mais tarde o vires a retirar. Odeio este estado de melancolia permanente em que me embalei desde o dia em que te foste embora, contigo uma parte de mim morreu.
E no entanto, vivo por ti.

1 comentário:

  1. Que inveja! Que inveja de ti que amas(te) como se o mundo fosse acabar, que amas com o corpo e com a alma! Inveja dela, que tem quem a ame como se o mundo fosse acabar, que tem quem a ame de corpo e alma (L)

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